sábado, 14 de março de 2009

Quero minha gameleira, devolva!

Até o fim da década de 80, Natal era bastante arborizada. O que aconteceu? Lembro – me da Av. Rio Branco com suas Acácias, Gameleiras e Pau-Brasil. Era bonito de se ver. Lembro da Bernardo Vieira e seu canteiro central. Ali cresciam sobre o barro barreiras, árvores de espinhos, do sertão ou cerrado. Todas finadas, coitadas.
Quando viajava para Fortaleza, Natal era exemplo que enchia-me de orgulho. Limpa, arborizada. Era um exemplo de cidade.
Pois é, o tempo passou, pouco tempo na verdade. O que aconteceu?
Lembro da prefeita Vilma derrubando as gameleiras da praça João Maria. Lembro das infinitas podas transformando em azul, o teto verde da Av. Rio Branco.
Foi por aí, não parou mais.
Hoje, o recente largo da ribeira é branco. Não preciso dizer mais nada. Está na paisagem, impresso pelo tempo, as contradições de duas épocas de uma mesma cidade. A praça Augusto Severo, antiga, arborizada. Árvores tropicais enormes, bem cuidadas. Sombras ao meio-dia. Vizinho, o largo contemporâneo. Alvo, cáustico, sem uma bananeira. O que foi que aconteceu?
Talvez um problema multicultural, multiparticipativo.
Será que faltou chuvas, o sol ta muito quente, o que foi cara?
Pois bem, com aquecimento global ou não, a temperatura dos últimos 30 anos continua a mesma. Varia entre 35º.
-Mais está quente demais. Liga o ar condicionado amor. Ar condicionado é bom.
Vou virar um velho chato, rabugento. Alguns são assim por que viram seu mundo ser destruído. Substituído pelo novo. Na verdade, o velho, dublado pela farsa do novo, moderno.
Pois é, como pode mudar, da noite para o dia, valores éticos, morais, sensoriais e estéticos de uma cidade? Hoje tem tão poucas árvores em Natal que devíamos batizá-las.
Padre João Maria que nos salve. Dos bispos de Olinda também.

serrão

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